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A tragédia humanitária na África e a “cultura da carne”


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Enquanto o mundo volta os olhos para os Estados Unidos e sua crise econômica, na fronteira do Quênia com a Somália há uma tragédia humanitária que dura 20 anos. Construído nos anos 90 para abrigar refugiados da região, o campo de refugiados tem hoje mais de 380 mil pessoas e é considerado o maior do mundo. Quem consegue entrar lá é considerado sortudo, pois passou por semanas de caminhadas sob o sol forte, enfrentou estupradores, animais selvagens e outros desafios do trajeto até lá. Crianças morrem nos braços de suas mães por desnutrição e esgotamento físico. Para piorar, a região está passando pela pior seca dos últimos 60 anos.

Neste cenário, é triste ver que as pessoas realmente vêem necessidade em consumir carne. Repetem uma tradição implantada pela mídia desde o tempo em que se descobriu que vender corpos de animais para o consumo dava mais dinheiro que vender milho ou batatas.

Para conseguir apenas 1 kg de carne bovina, são gastos mais de 18 kg de cereais que poderiam alimentar muitas pessoas de forma muito mais saudável e coerente. Estes números falam por si. A cultura de que a carne é necessária precisa ser extinta de uma vez por todas para que não vejamos mais crianças esqueléticas e bois gordos. Criar animais para alimentação é cruel, caro e absolutamente desnecessário.

É óbvio que não podemos cobrar postura diferente dessas mulheres que compram carne no campo de refugiados. Certamente elas não tiveram acesso à informações sobre como se alimentar melhor. As centenas de milhares de pessoas que estão neste momento sofrendo dentro do campo da Somália estão apenas tentando sobreviver. Cabe a nós, pessoas que têm informação, ajudar. Quem não pode ajudar diretamente pode e deve trabalhar na divulgação de uma alimentação mais eficaz e pacífica, a alimentação vegana. Que seja esse um jeito de colaborar para um mundo melhor. E não é só com palavras que vamos ter mundo mais justo.

Toda vez que uma criança agoniza de fome em uma região do mundo, um boi é morto longe dalí para atender aos desejos egoístas por carne no prato de alguns. E o bolso dos latifundiários sempre mais cheio. A produção de alimentos de origem animal simplesmente não faz sentido, as contas não fecham.

“Pelo menos come a carninha”

A “cultura da carne” é sólida. Todo mundo quer o seu churrasco no final de semana. Talvez seja lá mesmo que o assunto sobre a tragédia na África vire pauta. Enquanto 1 kg de carne na grelha consome 18 kg de cereais que poderiam alimentar muito mais gente.

Eu cresci com uma noção muito simplificada de nutrição. Ou o alimento era “forte” ou automaticamente ele era considerado “fraco”. Exemplo: Pé de boi (mocotó) era forte. Batata era fraca. Costela era forte. Brócolis era fraco. Bife de fígado era forte. Castanhas eram fracas. Leite era forte. Suco de laranja era fraco. Meus pais, nordestinos sem grandes conhecimentos na área nutricional, só queriam o melhor para mim e perpetuavam as informações que haviam sido passadas a eles. É por isso que muita mãe diz “pelo menos come a carninha” para seus filhos. Precisamos virar a mesa.

Para finalizar, deixo um trecho muito interessante do artigo “vegetarianismo” da Wikipédia:

Para produzir carne, é necessário cultivar plantas que alimentarão o gado, que por sua vez irá alimentar o homem. Durante o passo de alimentação do gado, foram gastos recursos como a água, energia e tempo, que poderiam ter sido poupados se o homem consumisse diretamente os vegetais. São necessários 18 quilos de cereal para produzir um quilo de carne, e um acre de terra se for utilizada para cultivar cereais pode produzir cinco vezes mais proteína do que se for utilizada para produzir carne. Com 2,5 acres de terra pode-se produzir repolho para alimentar 23 pessoas, batatas para alimentar 22 pessoas, arroz para alimentar 19 pessoas, milho para alimentar 17 pessoas, trigo para alimentar 15 pessoas, ou então, galinha para alimentar 2 pessoas, leite para alimentar 2 pessoas, ovos para alimentar 1 pessoa ou bife para alimentar 1 pessoa.

Logo, é possível alimentar muito mais pessoas, com um custo muito mais reduzido para o ambiente se produzirmos alimentos vegetarianos. Ainda a este propósito disse Rajendra Pachauri, Premio Nobel da Paz, que se cada vez mais pessoas comerem mais carne, não haverá cereais suficientes para a produzir, porque a conversão de calorias dos cereais em calorias da carne é muito pouco eficiente.

Veja as impressionantes fotos do campo, no G1

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