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Além de carros, poeira e sangue, novo Mad Max tem 3 críticas filosóficas sobre exploração

Sem ‘spoilers*’, mesmo quem não assistiu pode ler.


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Matéria livre de spoilers*
Todas as informações e imagens deste texto já foram divulgadas pela equipe do filme em sinopses, entrevistas ou vídeos no canal oficial da Warner Bros no Youtube.

Estreou recentemente nos cinemas brasileiros o longa Mad Max: Estrada da Fúria, o quarto filme da franquia que teve seu início na Austrália em 1979 e se tornou um sucesso mundial após o lançamento de Mad Max 2, em 1981.

Para a versão 2015, o diretor George Miller (que também dirigiu os antigos) não deixa na mão quem gosta de perseguições de carros, insanidade, violência e pirotecnia. Mas entre uma explosão e outra, o enredo traz questões filosóficas importantes.

O vilão do filme, chamado de Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), escraviza mulheres, crianças e jovens. O cenário pós-apocalíptico e desértico do planeta Terra após uma intensa guerra nuclear faz com que boa parte dos poucos humanos que ainda estão vivos acreditem em Joe. Ele controla um poço de água potável e se diz um redentor que vai trazer a paz e a abundância de volta aos seus fiéis que, tomados pela loucura e a falta de esperança, o seguem. Joe libera água suficiente apenas para que seu povo fique vivo e submisso. O vilão lidera um dos grupos de humanos sobreviventes que lutam por água e combustível uns com os outros. A primeira crítica de Mad Max: Estrada da Fúria é, portanto, sobre religiões e grandes líderes seguidos sem nenhum questionamento lógico.

A segunda e mais evidente crítica do longa é em relação à exploração de mulheres. Joe mantém algumas jovens mulheres em uma espécie de caverna lacrada com uma grande porta de cofre. Ele as explora sexualmente e as engravida para que novos guerreiros de sua linhagem surjam. Há outras mulheres, obesas e lactantes, que são usadas unicamente para produzir leite, o mais precioso alimento que eles poderiam ter nas circunstâncias que o filme apresenta. Exatamente como fazemos hoje em dia com as vacas e outras fêmeas (cabras, por exemplo), Joe tem máquinas com mangueiras que retiram o leite das mulheres para que ele possa consumir.

Toda a trama do longa gira em torno destas jovens mulheres, resgatadas por uma imperatriz de Joe, que se vira contra o grande líder e foge com as escravas que Joe chama de esposas. A Imperator Furiosa (Charlize Theron) vem sendo considerada uma ativista feminista por críticos de cinema, pois luta contra um mundo dominado pela força masculina onde as mulheres são tratadas como objetos.

Max (Tom Hardy), que nesta versão tem um papel quase coadjuvante, é um preso de guerra que só ficou vivo por conta de seu tipo sanguíneo (O negativo), considerado doador universal. Chamado de “Bolsa de Sangue”, Max era mantido de cabeça para baixo com mangueiras pelo corpo e era obrigado a fornecer sangue para guerreiros leais a Joe que estivessem doentes. Em fuga, Max conhece a imperatriz e as mulheres resgatadas e se junta ao grupo. A terceira crítica que pode ser observada no filme é sobre quão cruéis as pessoas podem ser para promover seu próprio bem-estar. Hoje em dia aceitamos, enquanto sociedade, que animais de outras espécies sejam torturados e mortos para que nós possamos ter remédios ou mesmo um novo condicionador de cabelos.

O exército de Joe é formado por jovens anêmicos – e deformados por conta da radiação pós-guerra – com cerca de 20 anos iludidos com a promessa de uma terra prometida, uma espécie de “céu”, chamada de Valhalla. Na esperança de sair do cenário infernal em que vivem e ir para Valhalla, eles não pensam muito antes de se sacrificar em nome de Joe. Nos tempos de hoje, infelizmente, já acontece casos muito semelhantes. Desde os jovens aliciados pelo tráfico de drogas nos morros brasileiros até crianças com armas sequestradas e iludidas por grupos fundamentalistas do Oriente Médio.

O diretor George Miller já confirmou que haverá mais dois longas da franquia e o primeiro deles já tem parte do roteiro e se chamará Mad Max: The Wasteland.

Mad Max: Estrada da Fúria pode frustrar espectadores que gostam de roteiros mais trabalhados. Apesar do longa apresentar quase ininterruptas 2 horas de carros, poeira, sangue e explosões, sem dúvida tem material para fazer pensar.

*Spoilers são informações que podem estragar as surpresas de quem vai assistir ao filme.

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