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Nestlé cria conto de fadas mentiroso para falar sobre produção do leite Ninho

Enganação.


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A empresa alimentícia Nestlé, presente em praticamente todo o mundo, assumidamente realiza testes em animais (veja aqui, em inglês). No Brasil, a empresa lançou no mês de maio uma série de vídeos publicitários fantasiosos que, teoricamente, tinham o objetivo de mostrar como o produto leite Ninho é feito. Mães de família foram convidadas a acompanhar algumas etapas do processo de fabricação.

No primeiro vídeo da campanha intitulada como “Saber Tudo Que Tem, Faz Bem” (assista aqui), a Nestlé visitou uma fazenda pequena e familiar. No vídeo, uma mulher que se apresenta como dona da fazenda, mostra para uma cliente da Nestlé como é a lida com as vacas. Antes de chegar à fazenda, a cliente Adriana Haddad, que é chef de cozinha, demonstrou sua preocupação com os animais: “A minha expectativa é encontrar vacas felizes.” – disse. E foi isso que a Nestlé mostrou a ela.

A preocupação de Adriana demonstra uma crescente onda de novos consumidores cada vez mais preocupados com os processos que levam os produtos alimentícios à sua mesa. Mas o conteúdo que a empresa Nestlé apresentou a ela é, no mínimo, omisso.

É óbvio que a Nestlé (assim como qualquer outra grande indústria que utiliza laticínios) recebe matéria-prima de diversos lugares. A fazenda abordada no vídeo é apenas um destes lugares. A dona da fazenda disse que ali os animais são muito bem tratados. As cenas do campo e a música completam o clima bucólico do comercial. A cliente da empresa fica encantada.

Mas a indústria leiteira, no dia a dia, é bem diferente da propaganda da Nestlé. O vídeo não mostra o que é feito com os filhotes machos que nascem. O padrão na indústria do leite é que eles sejam descartados, mortos. Alguns são vendidos para indústrias que aproveitam suas carcaças para subprodutos. Outros são criados para dar origem à chamada “carne de vitela”. Os bezerros ficam presos, longe da mãe, sendo alimentados com uma dieta pobre em ferro e impedidos de caminhar. Assim a carne fica branca (anêmica) e macia, por não haver desenvolvimento muscular.

Segundo a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), ligada ao governo, o descarte de animais “economicamente indesejáveis” (palavras deles) é uma realidade e um padrão na indústria do leite (veja aqui). O primeiro critério para este descarte é o fato de o filhote ser macho, mas muitas fêmeas também são mortas nesta indústria.

Veja alguns dos critérios para o descarte (morte) dos animais na indústria do leite:

• Ser macho;
• Filhotes fêmeas com anormalidades físicas;
• Não atingir 300 kg até os 2 anos de vida, quando fêmea;
• Fêmeas que demonstrarem algum sinal de infertilidade;
• Vacas que produzirem 70% menos que o resto do rebanho;
• Vacas que não fiquem no período de lactação por pelo menos 240 dias;
• Animais excedentes.

A lista com palavras técnicas pode ser lida no site da EMBRAPA (veja aqui).

Portanto, a pintura televisiva feita pela Nestlé não condiz com a realidade na indústria do leite. A produção do leite Ninho, assim como a de qualquer produto lácteo, envolve dor, exploração e a morte de animais.

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