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Professora de zootecnia da USP afirma que a indústria do leite é perversa

Afirmações reveladoras de profissional do meio da produção animal.


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Em uma entrevista publicada na última quinta-feira (8), a professora e orientadora do curso de pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Irvênia Prada, admite que a indústria dos produtos de origem animal é perversa. A entrevista foi concedida à Rádio Nacional da Amazônia (veja aqui), pertencente ao grupo Empresa Brasil de Comunicação (EBC), instituição pública que inclui a TV Brasil e a Agência Brasil.

Leia também, na coluna de Fabio Chaves (Vista-se) no portal de notícias da Rede Record: Dia delas: entenda o que você tem a ver com a morte de bilhões de mães

O foco da entrevista é o tratamento dado às vacas e bezerros na indústria leiteira, mas foram revelados também alguns detalhes da produção de outros produtos de origem animal, como carnes de boi, frango e porco. Embora tenha dado claras declarações de que é favorável à exploração dos animais como recursos, a professora de zootecnia da USP se mostrou contrária à forma como a produção é realizada atualmente, mesmo sendo o curso de zootecnia voltado à produção animal: “Os animais são sim utilizados como coisas, utilizáveis e descartáveis, e não se leva em conta o sofrimento dos animais.” – disse Irvênia.

Sobre a questão dos matadouros, a professora afirmou à jornalista Beth Bergonha que, na prática, todo abate é cruel e não há como considerar nenhuma técnica como humanitária, embora este termo seja usado pela indústria para amenizar a realidade dos fatos. Imaginar a cena contada por Irvênia – e apontada como comum – transcrita abaixo pode fazer você mudar de ideia sobre os laticínios, caso você ainda os consuma.

“Então, por exemplo, quando a gente fala em abate humanitário de bovinos. Ora, Beth, se você for a um matadouro, você ficará horrorizada. Porque abatem os animais, abatem fêmeas pré-gestantes (a lei permite que até o sexto mês de gestação as fêmeas sejam abatidas). Em ambiente de matadouro (já conversei com colegas), não tem como identificar se a vaca está no sexto mês ou no sétimo mês ou está na fase final da gestação, que é no nono mês. Mas, assim, do que era antes, onde o bovino era morto à marretadas e agora que é morto pelo chamado dado cativo, melhorou um pouco, mas está longe de ser humanitário.” – disse.

A jornalista Beth Bergonha lembrou uma entrevista feita há alguns meses com a filósofa Sônia T. Felipe e sobre as afirmações dela de que, na indústria, a vaca é estuprada e tem uma doença chamada mastite causada na mama por excesso na produção de leite. A professora confirmou as etapas e o sofrimento dos animais: “É assim mesmo.”– disse.

Sobre o processo comum na indústria do leite de separar os filhotes das mães, a professora explicou à jornalista utilizando a experiência de uma de suas filhas, acompanhe na transcrição:

“Beth, é assim: eu tenho duas filhas que são veterinárias. Uma delas, depois que se formou, trabalhou dois anos em uma das maiores fazendas produtoras de leite do interior do estado de São Paulo. No fim, ela deixou (desistiu), ela falou: ‘mãe, eu não aguento mais!’. Porque é assim: uma vaca que já deu cria uma vez e veio aquele tratorzinho com a carreta, pegar o bezerro e levar para o bezerreiro, separá-la do seu filhinho, a segunda vez que ela vai ter a cria ela já escuta o barulho do tratorzinho vindo para pegar o seu bezerro, ela começa a berrar. O bezerro berra de um lado e ela berra do outro. Você imagina o nível de sofrimento que isso causa na criatura.” – disse.

No final da entrevista, a professora afirmou, ainda discordando do processo, que as vacas são exploradas “até a última gota de seu sangue e de seu leite” (palavras dela).

Confira a entrevista completa, em áudio, abaixo.

| Baixe o arquivo | .MP3 | 24m10s | 11MB

Separação de mãe e filho, em vídeo.

Assista a um vídeo francês que mostra o momento da separação do bezerro e sua mãe, prática comum na indústria leiteira do mundo todo (Youtube).

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