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Cuidado: marcas famosas estão vendendo pele bovina anunciando como se fosse couro vegetal

Propaganda enganosa.


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O que pode não ser nenhuma novidade para alguns de nossos leitores cairá como uma bomba para outros. Redobre a atenção ao comprar artigos que parecem de couro.

O couro vegetal é um tecido de algodão banhado em látex retirado de seringueiras, defumado e vulcanizado em estufas na Amazônia. Esse tipo de tecido, que deriva de uma técnica indígena de impermeabilização de materiais, existe desde o início dos anos 90. O couro vegetal é socialmente justo e eticamente correto, pois viabiliza a extração sustentável de látex e não gera demanda de peles de animais.

Até há poucos anos, chegar em uma loja e pedir couro vegetal ao invés do chamado “couro legítimo” seria algo impensado. O aumento do número de consumidores conscientes que buscam cada vez mais produtos sustentáveis, porém, fez com que algumas empresas utilizassem o termo “couro vegetal” par designar artigos de couro feito com peles de animais. Atualmente, o termo “couro vegetal” agrega mais valor a um produto do que o termo “couro legítimo” para grande parte dos compradores. Muitas empresas já perceberam isso.

É o caso da marca carioca Uncle K, que tem lojas espalhadas em oito estados. Ao entrar em uma dessas lojas, o cliente vê em alguns produtos a inscrição “couro vegetal” e pode pensar que se trata de um produto vegano. Ao consultar o catálogo com a descrição de todos os materiais, no entanto, descobre que o material é, na verdade, pele bovina.

Recentemente recebemos a denúncia por meio de uma de nossas leitoras que teve essa experiência na loja da Uncle K em Brasília. Ela chegou a comprar por meses na loja, inclusive para presentear os amigos. De fato, usar o termo “couro vegetal” para vender pele de animais é uma maneira de induzir o consumidor ao erro.

No catálogo de materiais – que precisa ser solicitado ao vendedor – a Uncle K explica o que é o tecido: “Couro de boi de excelente qualidade que permite acabamentos mais naturais e suaves. Após seu primeiro tingimento ele recebe uma aplicação de óleos minerais e cera de carnaúba. Por último, a finalização é à base de água, que é um processo mais moderno e ecológico.” – diz o texto.

Segundo o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor, essa prática pode ser enquadrada como propaganda enganosa ou abusiva (veja aqui).

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

A Uncle K não é a única empresa a utilizar o termo “couro vegetal” para vender pele de boi, por isso, é preciso que o consumidor que não quer compactuar com a exploração animal esteja ainda mais alerta.

A expressão “couro ecológico”, que costuma ser usada por algumas empresas, também não traz nenhuma garantia de que o material não é proveniente de animais. Nesse caso, porém, há a interpretação – duvidosa – de que uma pele que foi tratada com menos agentes nocivos ao meio ambiente pode ser chamada de ecológica. Apesar de ignorar todo o dano que a criação de animais causa ao meio ambiente, é mais difícil provar que uma peça de pele bovina vendida como “couro ecológico” é fruto de propaganda enganosa.

Sendo assim, não se deixe enganar pelos anúncios que chamam a atenção e aprofunde-se na descrição dos materiais.

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