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Santa Catarina: imprensa tendenciosa atribui veganismo a casal que matou filha desnutrida

Universitários foram condenados a 7 anos de prisão.


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Um casal de estudantes foi condenado pela justiça de Palhoça, em Santa Catarina, a 7 anos de prisão por maus-tratos. Os dois foram responsabilizados pela morte da própria filha, de apenas 3 meses.

Fabiola Vieira Skowron, de 26 anos, e Guilherme Smanioto Vieira Paula, de 30, se conheceram na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Ele cursava geografia e ela estava se formando em enfermagem. O casal decidiu largar a faculdade e ir morar em Joinville, Santa Catarina. Lá, nasceu a bebê Ana Lu em um parto feito apenas pelos pais.

A criança nasceu com necessidades especiais, prematura, conforme os Guilherme e Fabíola disseram à polícia. Ainda assim, eles decidiram ir para uma região conhecida como Vale da Utopia, próxima ao litoral catarinense. O local é famoso pelas belezas naturais e por receber muitos turistas que querem um local mais isolado para visitar. Mas o Vale da Utopia não tem infraestrutura para uma criança que visivelmente precisava de cuidados especiais.

Segundo uma página no Facebook atribuída ao Vale da Utopia (veja aqui), o casal ocupou uma pequena cabana que serve de local de abrigo para quem passa por lá. Ao contrário do que noticiou alguns veículos da imprensa, eles não eram moradores do Vale da Utopia, estavam de passagem. O local é uma região, e não uma comunidade alternativa como foi divulgado na mídia local.

Na cabana onde Fabíola e Guilherme ficaram durante algumas semanas havia apenas alguns utensílios, roupas e esteiras no chão, onde eles dormiam com a recém-nascida (foto). A condenação saiu esta semana, mas a morte da bebê aconteceu em agosto de 2015. Na ocasião, os pais relataram que davam apenas um leite vegetal feito com água de coco e castanhas para a bebê. A imprensa afirmou que eles se diziam veganos, embora isso não tenha sido colocado de forma oficial pela justiça ou pela polícia.

Questionada sobre se oferecia leite materno à criança, Fabíola disse que não poderia amamentar porque fez uma cirurgia nos seios por conta de um problema ocasionado por rejeição de próteses de silicone.

Mesmo percebendo que a bebê não se desenvolvia e apresentava graves sintomas de desnutrição, o casal não procurou ajuda. Eles chamaram o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) apenas quando constataram que a criança não chorava ou respirava mais. A constatação aconteceu durante a noite, mas o SAMU foi chamado apenas de manhã. Os funcionários do SAMU levaram a criança para o hospital e os pais direto para a delegacia.

Segundo Adriano Almeida, delegado responsável pelo caso, “a mãe disse que o bebê transcendeu, virou luz e vai iluminar a Terra” e não demonstrou arrependimento pela forma como ela e o companheiro agiram.

Algumas manchetes destacam o fato dos pais se dizerem veganos, como essa: “pais veganos são condenados por morte de bebê após alimentação alternativa”, do portal paranaense CGN, ligado ao UOL.

Fica óbvio que o que matou a bebê Ana Lu foi a ignorância dos pais em não procurar ajuda e achar que poderiam alimentar uma recém-nascida com água de coco e castanhas. Isso independe do fato de eles serem ou não veganos. O que mais chama a atenção nesse triste caso é como um casal que tinha acesso à informação chegou a esse ponto. A mãe, inclusive, estava terminando um curso superior da área da saúde (enfermagem).

Milhares de bebês veganos têm o desenvolvimento normal e tendem a ser até mais saudáveis por consumir mais frutas, legumes e hortaliças. Mas isso, claro, após os 6 meses de vida, conforme preconiza a literatura médica. Antes dos 6 meses a criança precisa do leite materno ou, em caso de inviabilidade, de alguma alimentação especial prescrita por profissionais da saúde.

Conforme dizem o Ministério da Saúde (veja aqui) e o CRN3 – Conselho Regional de Nutricionistas (veja aqui), a alimentação sem nada de origem animal é plenamente possível e até mais saudável do que a convencional. Mas conceitos básicos de nutrição devem ser considerados, assim como quem consome carne, laticínios e ovos também precisa se preocupar com o assunto.

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